26 de março de 2010

Os Sem-noção e a saúde no Québec

Algumas pessoas ao lerem esse blog ficam chateadas, pois falamos "muito mal" de nossos conterrâneos. Falamos mesmo, mas "não é nada pessoal". É que creditamos que a vida tem que ser vista criticamente, exatamente pra nunca virarmos do grupo dos sem-noção. Um ótimo exemplo é a questão do sistema de saúde. 

Minha família toda tem o que seria "o melhor" em termos de sistema de saúde no Brasil. E mesmo ele deixa a desejar de vez em muito. Em setembro meu pai foi internado e, como não era a primeira vez (e nem será a última), minha mãe prontamente disse pra que hospital queria ir. Mas, não havia vagas. Não tinha vaga em praticamente lugar nenhum, só num hospital "sinistrinho" no centro da cidade. Como era um caso realmente grave, lá fomos nós.

O que acontece é que nosso sistema de saúde público faliu e todos que podem (e que não podem) têm um plano de saúde privado. Os planos variam de R$50,00 à R$1000,00. Ou seja, todo mundo vai pros hospitais particulares, que estão super-lotados e sem nenhum interesse de melhorar muita coisa, pois já tem cliente sobrando.

Vejo uma galera reclamando que tiveram que esperar de 2 a 3 horas pra serem atendidos na emergência hospitalar em Montréal. Aqui no Brasil, com nossos planos de saúde "maravilhosos", quando você quer ser atendido numa emergência e não tem nada grave, fica lá as mesma 2 ou 3 horas. Eu digo isso com toda a categoria de quem frequenta hospital desde 1996.

Outra: "Ah, fui marcar uma consulta aqui no Québec com o ginecologista e só marcaram pra daqui a 20 dias, um absurdo!". Cara, ontem marquei meu ginecologista e, adivinha, são 25 dias pra ele ter uma data pra me receber.
Enfim, acho que quando  a pessoa mora sempre num lugar, acha tudo normal. Aí quando se muda, fica observando, daí a estranheza e indignação. Minha proposta é: por favor, reflita antes de falar/pensar essas coisas. O mundo pode ser diferente do que você acredita. 


O tempo agora:
Montréal -10ºC / Rio de Janeiro 27ºC 
(-10ºC no dia 26 de março, ai que inveja de quem está lá!) 

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2011-04-21

Ainda não pisei nas instalações médicas daqui. Aliás, isso tem que entrar pra minha lista de coisas à fazer nas férias: pedir pra entrar na lista do médico de família e ver como as coisas de fato funcionam.

O que eu já vi foi minha prima que levou a filha no hospital e ficou umas 4 horas pra ser atendida. Além dela, uma amiga quebeca que ficou 5 horas pra ser atendida fora de Montréal.

O que descobri, e me preocupa bastante, é que o número de clínicas particulares aumenta cotidianamente. Uma colega minha da universidade é advogada do sindicado dos médicos residentes. Ela disse que essas clínicas não são legalizadas, mas também não são totalmente ilegais. O governo, como não dá conta da demanda, fecha os olhos e deixa rolar.

Na boa, to foríssima de clínica particular que não tem regra de funcionamento!

Outro dia tava no jornal que apesar da falta de médicos ser crônica, só uma porção minúscula dos imigrantes médicos consegue legalizar seu diploma aqui. Assim fica difícil, né?

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