28 de abril de 2011

Amores partidos

Esse é um daqueles posts que nada tem a ver com coisa alguma, é só um desabafo pessoal de uma mulher maluca. Ou seja, pulem a leitura! :p

Acordei hoje com um e-mail de uma amiga falando de seu casamento de 11 anos que terminou com uma ruptura bizarra. Eles vinham tendo problemas, vinham mudando a vida, vinham reclamando um do outro, fizeram terapia de casal... Aí ele saiu pra uma viagem de trabalho, dois meses depois retorna com a declaração: me apaixonei por uma mulher, ficamos juntos QUATRO dias e vou morar com ela. Ele passou o final de semana, pegou as coisas dele e foi embora, simples e objetivo assim.

Agora recebo o e-mail dela, em frangalhos. Ela é uma mulher daquele tipo mega forte, que não chora por nada. Liguei pra casa dela e quem atendeu foi uma mulher destruída, chorando sem parar, sem conseguir falar.

Estou aqui pensando em como a vida dá voltas, como as coisas mais sólidas na verdade são frágeis, como não dá pra ter certeza de nada.

Sempre fiquei impressionada com pessoas que planejam sua vida pra daqui a 20, 30 anos. Elas dizem: em 30 anos quero estar com tal situação, morando em tal lugar, com 5 netos...  Mas como fazer um planejamento assim?

O Gato e eu faremos 10 anos de casamento esse ano e esses 10 anos foram tudo, menos constantes e mega planejados. A gente é até neurótico de planejamento, mas sempre do passo seguinte, não dos 15 passos seguintes... O maior planejamento que já fizemos foi essa mudança pra cá, porque senão não teria como. Mas em 10 anos nos mudamos várias vezes, mudamos nossa vida, mudamos nossa maneira de pensar. Felizmente mudamos juntos e fomos acompanhando a transformação do outro. Mas 10 anos é muito tempo, eu não teria como planejar mais 10 anos!

Esses dias sentamos pra pensar no futuro imediato e conseguimos planejar com facilidade o ano de 2011 e 2012, conseguimos pensar, até, quando visitaremos a família no Brasil. Ficamos chocados, foi a primeira vez na vida que conseguimos fazer isso assim, com tanta facilidade. Paramos e falamos: isso é o efeito Québec na nossa vida! Porque no Brasil, pra planejar o futuro só sendo funcionário público, se for um profissional liberal fica complicadíssimo!

Enfim, mas voltando aos meus amigos, essa ruptura assim, na porrada, me deixou muito chocada. Fiquei imaginando o Gato chegando aqui e dizendo: conheci uma guaxinim super fofa e to indo com ela morar no Mont-Royal. Aí nem Québec resolve, nada resolve. Meu Mundo Imaginário simplesmente ficaria sem chão, sem gravidade, sem objetivos. 

Ai que horror! Gato, você tá proibido, visse? Se for pra me deixar tem que ser com carinho, primeiro avisa que o gato subiu no telhado. Nada de partir pra realidade nua e crua. :(

Ai ai. É isso, o mundo gira, amores se rompem e novos amores se formam. Alguns ficam destruídos no caminho, outros se recuperam.

26 de abril de 2011

Français écrit

Lendo esse post dos Quebecquando, me inspirei em falar um pouco sobre o francês escrito.

Eu levei umas pancadas pesadas nesse primeiro trimestre de estudo, então fiquei refletindo muito sobre as diferenças que fazem a diferença na hora de escrever. Sei que tá redundante, mas essa foi a idéia mesmo... ehehehe

As duas ferramentas de auxílio pra escrever que eu mais uso são o BonPatron e o Antidote. O BonPatron é um site que eu já conhecia e que sempre amei. Ele faz correção gramatical, explicando cada coisa que ele acha estranha, já aprendi e aprendo muito com ele. O Antidote é um programa que vc pode instalar em até 3 computadores e que custa 110$CAN (mas conheço quem já baixou na internet). O Antidote é meu melhor amigo, e é o melhor amigo de muita gente. Ele tem a opção na instalação pra dizer se vc é ou não francófono, então mesmo os quebequinhas o usam. Ele fica funcionando em todo sistema windows-office, então vc faz correção direto no Word ou no seu e-mail se usar internet explorer (eu não consigo, sou viciada demais no firefox, mas...) Além dele ser um corretor gramatical e ortográfico, ele tem dicionário de sinônimos e muito mais coisas. Realmente é fantástico! Esses dois juntos me garantem entregas de trabalhos quase perfeitinhos... :)

O que eu acho particularmente complicado pra escrever não é se a gramática e a ortografia estão corretas, pra isso os corretores existem. O que eu acho difícil é expressar o pensamento de forma coerente.

Eu sempre garanti minha nota em português por causa das redações e interpretações de texto, sempre tive extrema facilidade pra escrever. Mas quando o assunto é escrever em francês, dou uma certa travada.

O problema é que a estrutura da escrita pra exprimir o pensamento é diferente da de português. Então eu vou, faço um texto que demoro horas pra escrever e depois horas revisando. Aí levo pra meus colegas de grupo, que acham tudo ótimo, admiram minha capacidade de pesquisar e de levar conteúdo, mas sempre me pedem autorização pra mudar "umas coisinhas"... Quando vou ver o texto, as coisas mudam completamente de lugar! Tenho até dificuldade em explicar isso, é uma questão de sintaxe, mas pra poder mostrar a coisa acontecendo, teria que mostrar um texto inteiro e chato sobre um tema que ninguém se interessa. *rindo*

Eu adoro que façam isso e sempre estimulo, na verdade aprendo muito sobre como colocar o pensamento no papel. Aprendo com isso e lendo, lendo muito.  É assim que aprendemos a escrever em português, e é assim que aprenderemos em francês, não tem muito segredo. O problema é que demora, e até lá é um sofrimento só!

Uma outra coisa que acho super complicada é encontrar a palavra certa pra colocar no lugar exato. Por exemplo, fiz um trabalho que tinha um orçamento mega complexo e uma dos itens era a iluminação de um campo de refugiados. Não tive dúvidas e coloquei lá "illumination" (Ensemble des lumières servant à décorer les rues, les monuments) e não "éclairage" (Production de lumière. Exemple: Éclairage d’une voie publique). Os dois tem significados bemmm próximos e servem ao meu objetivo. Olhando um do lado do outro vejo claramente que éclairage é melhor, mas naquele momento não fiz isso. Porém, NENHUM dos meus colegas aceita que illumination seja uma palavra existente em francês, dizem que fiz um anglicismo. Se ninguém reconhece a palavra, então ela não serve, mas como saber? Só errando e sendo zoada mesmo! ehehehehe

Uma vez fui me encontrar com um grupo pra fazer o trabalho de manhã, depois de uma noite trabalhando. Cara, simplesmente não saía nada, eu nem entendia o que me falavam. Como sou desligada (e todos já descobriram) e como aceito ser zoada e estimulo as correções, as pessoas relaxaram, me sacanearam horrores e entenderam que era sono. Me deram café e comida e a coisa foi melhorando! *rindo*

O que eu posso dizer é que, fora o desespero de se sentir semi-analfabeto, a coisa vai melhorando com o tempo. Hoje tenho mais fluidez, vivo recebendo elogios por isso. Ainda cometo erros bizarros e, quanto mais cansada pior a coisa fica. Mas estou aceitando o desafio e tento sempre me auto-explicar que trata-se de uma fase e que vai melhorar.

Bisous, bonne chance à tous,
Alice

Congé doente

Em 2009 viemos pra cá exatamente nessa mesma época de agora, final de abril. Como sou muito alérgica, o pólen me deu uma derrubada. Basicamente fiquei o tempo todo tomando remédio pra alergia.

Esse ano, como a primavera tá demorando pra se firmar, até os passarinhos tão em dúvida, quanto mais as plantinhas. Mas esse final de semana fez sol e as flores brotaram e soltaram seu pozinho mágico de reprodução da espécie. 

Eu não me toquei do quanto isso poderia me afetar. Passei a tarde de domingo na praça, depois fui ver o pôr-do-sol no mirante do Mont-Royal. Tudo lindo e ótimo. MASSSS, me meti na maior roubada, abri o pulmão pra receber todo o pólen de Montréal. Resultado? Ontem à noite caí de febre e assim estou até agora. Já tomei um remédio trash que me garantiu ficar acordada o suficiente pra escrever aqui, mas a febre aos poucos tá voltando e a cabeça pesando...

O inverno bem que poderia voltar logo! :/

25 de abril de 2011

Francisação - esclarecendo

A Eleanor Rigby me perguntou umas coisas sobre a francisação num comentário e como a resposta ficou longa, fiz um post.

Como eu queria fazer o curso em tempo pleno, me inscrevi pelo site do Micc. Eu poderia também me inscrever diretamente nos lugares que oferecem os cursos, com é o caso da inscrição em tempo parcial (que deve ser o caso da Lídia).


Fiz a inscrição on-line e fui chamado para fazer uma avaliação no escritório do ministério. A "entrevistadora" falou um pouco comigo e pediu pra eu escrever um pequeno texto com alguns parágrafos, uma carta para um amigo contando sobre minha chegada. Depois ela disse que iria pensar se eu iria pro bloco 2 ou 3. Eu falei que gostaria de melhorar a minha expressão escrita, pois eu queria voltar pra universidade. Ela concordou e disse que em 3 semanas (óbvio) eu receberia uma carta me informando os detalhes. Eles me colocariam numa lista de espera, mas ela já me falou que eu seria aceito. Em duas semanas descobri que eu faria o bloco 2 na escola de línguas da Uqam.

Na primeira semana o professor perguntou quem escolheu estudar lá e algumas pessoas se pronunciaram. Depois eles nos deram uma carteira de estudante e algumas pessoas estavam muito felizes com isso, até escreveram no facebook que estudavam na Uqam. Ouvi vários comentários de como o curso de lá seria de melhor qualidade (o que eu definitivamente não posso atestar), mas pude ver que fazer o curso lá comovia algumas pessoas. Alguns alunos que fizeram o primeiro bloco em outros lugares não fizeram nenhum comentário sobre a melhoria de qualidade, o que me fez ficar em dúvida se não seria apenas o "status" de ser "aluno da Uqam" que comovia. Como eu disse no post anterior, acho que a qualidade do curso depende de uma série de questões.

Eu não fiz o bloco 1 da francisação e não pretendo fazer o bloco 3. Acho que não atende as minhas necessidades. Agora no verão, vou fazer uma disciplina como estudante livre. Acho que será mais estimulante para mim e também será uma outra maneira de estudar francês.

22 de abril de 2011

Ateus graças a deus

Cara, se tem uma coisa que me irrita no Québec é a farça de serem ateus. No natal já tínhamos vistos isso e agora tudo se repete na páscoa. Sério, isso me deixa bemm confusa.

Eu provoquei um professor que dizia que os quebecas são ateus, disse que esse é o discurso, mas que a cruz gigante continua no alto do Mont-Royal e que no natal as pessoas saem na rua cantando músicas de amor ao bom jesus. Ele riu e disse que o natal é comercial, não tem nada a ver com religião... Tá, mas o comércio faz o marketing que comove as pessoas, não?

Agora na páscoa to aqui vendo televisão e nego tá direto entrevistando padres pra explicarem o que é a páscoa, quais as suas tradições, mostrando receitas... Tá, não é só católico, tem o grego ortodóxo, o judeu ortodóxo e sei lá mais o que que comemora sua religião nessa época. Mas vir me dizer que não se trata de um povo religioso, bom, désolé, não é verdade.

Acho que o que faz A diferença é a forma como as coisas são encaradas, o respeito pela diferença do outro. Uma cena que muito me impressionou outro dia foi a seguinte:

Uma grande praça na frente da igreja, na esquina de uma avenida muito movimentada. Um grupo de ativistas contra o aborto foi pra esquina e começou a fazer sua campanha, com cartazes e fotos contrárias ao aborto. Dois, três dias da manifestação acontecendo, um grupo de meninas chegou do lado desses ativistas, abriram seus cartazes pró-aborto (leia-se, pró-escolha feminina se quer ou não ter o filho),  sentaram na praça e ficaram lá. Quando passei via a cena e me impressionei com a civilidade! Po, sério, imagina isso! É lindo, não?

Saindo um pouco do tema religioso e indo pra política, algo semelhante aconteceu essa semana: um grupo que reivindica que a Lei 101 seja abolida saiu na rua. Aí o grupo a favor apareceu e reagiu. Eles se estranharam com seus cartazes. A polícia veio separar antes que tivesse briga . Como terminou? Um gritando de um lado da rua e o outro do outro lado. Ficaram lá o dia todo, sem ninguém se agredir fisicamente ou se xingar, só falando sua opinião.

Na campanha eleitoral vemos isso direto. Um candidato fala mal do outro na cara. O "ofendido" ri e ignora.

Tá, me perdi completamente. Voltando à religiosidade quebeca. Eu acho muito complicado achar que o catolicismo não é mais fortíssimo aqui. Isso porque não se pode ignorar a religião como um grande condutor cultural, e perder a cultura católica demanda muito tempo. Po, a 40 anos as escolas eram gerenciadas pela igreja católica, então é uma ilusão achar que já deu tempo de ter uma mudança radical cultural. 

Basta ver a quantidade de Marias que tem nessa terra! Todas as mulheres se chamam Marie-QuelqueChose. É bizarro demais isso. No Brasil essas milhares de Marias usam o segundo nome, então a gente meio que perde a noção. Mas aqui não: Marie-Christine, Marie-Charlote, Marie-Anne, Marie-Eve! Ai ai...

Bisous,
Alice

21 de abril de 2011

Francisação - o desafio final

Esse é o último dessa série de quatro posts sobre a francisação. Como o curso tem 30 horas por semana, todos os alunos ficaram de saco cheio nessas últimas semanas e eu vou aproveitar pra fazer um post desabafo.

Alguns comentário pontuais:
  • O Micc prepara um material didático que será usado no curso, tanto de conteúdo da língua quanto de civilização, mas alguns professores preferem usar outras fontes, cópias de gramáticas e outros livros didáticos.
  • Alguns cursos são fruto do convênio do ministério com algumas organizações, como universidades. Esses cursos costumam ser preparados em conjunto e eles podem usar o material do Micc ou não. Alguns acrescentam atividades extra-classe para enriquecer a parte da integração com a sociedade.
  • Algumas pessoas acreditam que um curso é melhor que outro porque é dado em uma determinada instituição ou  por que usa determinado material didático.
O que eu acho é que uma boa francisação depende (1) do professor, (2) do material didático que ele domina e acredita, independente da origem, (3) do objetivo do professor e (4) um aluno que se dá bem com os três pontos anteriores.

O professor da minha turma tem muitos anos de experiência e prefere "construir" um material a partir de cópias de outros livros. Ele fez questão de falar (e muito) como ele tem experiência, como ele entende os imigrantes e sobre sua infância e adolescência... zzzzzzzzz...

Como o tempo foi curto, não aconteceu assim, pois além de termos só onze semanas, o professor ficava o tempo todo falando da própria vida e como ele tem muitos anos de experiência.

Teoricamente estudaríamos as quatro facetas da língua, compreensão e expressão oral e escrita.
  • Compreensão escrita: nunca lemos um texto sequer até o dia da prova final. Alguns alunos disseram que não conseguiram entender o artigo de jornal dado na prova.
  • Compreensão oral: ao final de TODAS as aulas o professor dava a letra de uma música para que acompanhássemos UMA vez, até porque usávamos um toca-fitas, isso mesmo, um toca-fitas... acho que tem alguns leitores que nunca viram um desses.
  • Expressão escrita: além da prova final, só fizemos um texto de 180 palavras.
  • Expressão oral: a turma era dividida em grupos com nacionalidades diferentes e ficavam conversando entre si com o professor assistindo um pouco à cada grupo.
Então o que ficamos fazendo esse tempo todo? Gramática, gramática, gramática... Além dessas quatro horas diárias, tínhamos mais duas horas diárias com outros professores sobre fonética ou introdução a história do Québec ou atividade oral ou perdíamos tempo assistindo vídeos no computador. Digo perdíamos pois as pessoas sentavam na frente da tela, assistiam os vídeos, escreviam qualquer coisa num papel e essas fichas nunca foram corrigias pelo professor, depois em sala ele lia as respostas ou entregava uma cópias com elas.

Mas a nota foi repartida assim:

Interação oral:                  20%
Produção escrita:               5% (meu objetivo era melhorar minha produção escrita)
Verificação de gramática:  15%
Compreensão de texto:    15%
Testes:                             10% (fizemos três testes de verificação de gramática, então seria 10% + 15%???)
Trabalhos:                        15%
Atividade de monitoria:    20% (1/3 do tempo corresponde a 1/5 da nota???)
  
Então dizer se o curso foi bom ou ruim depende de uma série de fatores combinados. Por exemplo o ateliê de história do Québec foi muito esclarecedor para os alunos que imigraram para o outro lado do mundo e não sabiam que o período francês veio antes do período inglês. Que achavam que a lei 101 foi instituída na fundação do Québec. Que ficaram assustadas quando souberam que "o Québec já pensou em se separar do Canada" (sic). Isso por que elas ainda não sabem que já foi proibido falar francês na rua ou o que é "revolução tranquila" pois ficou para o próximo bloco.

Alguns alunos descobriram o que era uma cabane à sucre e estão muito ansiosos pelo próximo bloco onde vão aprender a fazer um CV e como procurar emprego. Outros estão felizes pois disseram que eles vão ler bastante.

Vários alunos sabem conjugar os verbos no imperfeito e no passado composto, mas alguns ainda não sabem quando usá-los. Vários alunos sabem conjugar os verbos no condicional e no subjuntivo, mas "je voudrais qu'ils puissent" usar corretamente essas conjugações.

O que eu sei é que o melhor aluno da turma, isso é, o que sabe mais gramática, não vai fazer o próximo bloco pois ele queria melhorar sua expressão oral e não conseguiu. Ele falou que o curso é muito rápido pra ele e ele não consegue entender tudo que o professor fala. Um outro aluno que tem dificuldades pra emitir alguns sons, terminou o curso falando "ji vudrí" e também não vai fazer o bloco seguinte. Uma colega conseguiu um emprego fora da sua área profissional e descobriu que é capaz de entender os clientes e eles a entendem, então não vai fazer o próximo bloco (pena).

O que eu queria era melhorar minha produção escrita, mas não fizemos um ditado sequer, e escrevemos um só texto que levamos três aulas pra fazermos. Pra mim foi uma experiência interessante sim, mais sociologicamente que linguísticamente. A Alice acha que eu melhorei meu francês, mas eu também acho que eu gastei muita energia pra ter um resultado pequeno.

"À mon avis", acho que existem duas maneiras pra melhorar o francês e depende do seu objetivo. Se você quer aprender gramática, aprender a entrar no mercado de trabalho, melhorar a vocabulário, saber um pouco de história e como as coisas funcionam no Québec, acho que a francisação tem um papel fundamental. Mas se você, assim como eu, só quer melhorar a produção escrita ou a produção oral, quer entrar na universidade antes de começar a trabalhar, acho que é melhor entrar num curso na universidade, seja de língua ou da sua área.

Congé!!!

Ontem eu apresentei meu último trabalho do trimestre e o Gato teve sua última aula da francisação!! Simmm!!!! Teremos 2 longas semanas de férias!

Basicamente não dará pra descansar porque tudo ficou acumulado pra ser resolvido agora. E ainda temos que preparar nossa mudança pro novo apê! Mas só em não termos o compromisso acadêmico já nos dá uma leveza tremenda!

Estamos aqui há 6 meses, mas esses últimos 3 meses pareceram um ano! Os desafios da universidade foram mais fortes do que eu imaginava, mas foram melhores também. 

Ontem saímos com o pessoal do meu curso pra comemorar, fomos pra um barzinho bem bacana, mas MUITO barulhento. Foi engraçado porque uma das minhas colegas disse no facebook que iria pra lá e de repente tinha umas 20 pessoas que leram e resolveram aparecer! *rindo*

Tive uma conversa com uma outra colega que achei que valeria a pena relatar aqui no blog. 

Ela me disse que estava muito feliz porque nesse certificat ela tinha feito muitos amigos. Aí eu disse que também estava feliz com isso e que acho que foi a melhor coisa que eu poderia ter feito ao chegar aqui. Ela concordou. Então eu aproveitei a deixa e falei que leio vários blogs com brasileiros reclamando que os quebecas são fechados e que eles tem problemas pra se integrar na sociedade.

Minha amiga ficou revoltada. Ela disse que já ouviu falarem isso e não consegue aceitar esse argumento. Que o Québec é lotado de imigrantes, que Montréal é uma cidade extremamente cosmopolita, que os quebecas estão super acostumados a receber os novos imigrantes, etc e tal. Eu concordei com ela, que conosco foram sempre extremamente simpáticos e agradáveis. Aí ela falou: Po, eu sou quebecois de souche e não posso aceitar esse argumento, porque ele é falso!

Ela acha que as pessoas criam teorias e depois ficam espalhando essas bobagens por aí. Aí o cara chega e nem tenta, já trata como verdade. Concordo plenamente com ela.

Notícias do dia

Bom, antes de tudo, os trabalhos da primavera estão em andamento, to relendo o blog e re-lançando os posts, e quando acho que vale à pena, acrescento no final comentários do meu ponto de vista atual. :)

Notícia do dia: Os imigrantes que estudam aqui tem a mesma taxa de desemprego dos quebecois, já os que permanecem só com a sua escolaridade do país original ficam bemmm à margem do mercado de trabalho.

Bisous, 
Alice

14 de abril de 2011

Travaux de Printemps

Como vocês devem ter nortado, nosso ano de postagens e comentários não se encontra mais aqui.

Num espírito bemmm quebecois, resolvemos fechar as portas por um tempo pra realizar uma limpeza e organização geral.

Na realidade, eu pensei seriamente em fechar as portas definitivamente. Fiquei bemmm cansada com essa polêmica toda gerada por míseros 4 posts  (de quase 300). Mas conforme fui colocando os posts em modo-escondido-ON fui vendo tannntos posts que eu adoro, tanta coisa da nossa vida que passou nesses mais de um ano aqui... Resolvi fazer uma limpeza geral, tirar a neve acumulada, a laminha que foi se formando junto com o xixi de cachorro congelado e restinhos de cigarros e comida... 

Então depois que minhas provas finais passarem e de uma longa e difícil conversa com todos os participantes ativos do Mundo Imaginário (se algum comentarista-leitor quiser participar me escreve que conversaremos), decidiremos o que fica exposto e o que irá pro fundo do Poço-Fundo, que fica ali num canto escuro do Mundo Imaginário.... ali, tá vendo, bemmmmm naquele cantinho?

Bisous,
Alice-Selma-Rainha de Copas, Gato et Ornitorrinco