1 de maio de 2010

A entrevista


Nossa entrevista aconteceu no dia 11/11 às 11 horas, uma quarta-feira. Pra ficarmos (eu, porque o Gato tava zen) tranqüilos, tomamos algumas providências:

  • Vestimos roupas adequadas. Resolvemos ser bem formais, para deixar claro que somos um casal sério, comprometido e que compreende a seriedade daquela entrevista; 
  • Chegamos em Sampa no dia 10, pela manhã. Daria tempo de irmos pra lá no mesmo dia, mas resolvemos ir no dia anterior pra não ter correria (o que se provou uma ótima decisão pois, naquela noite houve um mega apagão e tudo ficou pirado no dia seguinte).
Chegamos com 30 minutos de antecedência e ficamos esperando, assistindo ao Festival de Jazz e ouvindo a entrevista que tava rolando beeemmmm ao fundo. 
O entrevistado saiu não sei que horas e não muito feliz. Era um rapaz de uns 20 e poucos, de mochila nas costas, bem informal. Então o M. Leblanc nos cumprimentou. Eu gelei e devo ter feito cara de pânico, mas não é à toa, pois eu sou a requerente principal. Então ele riu e nos tranqüilizou.
A primeira coisa que comentou é que estava feliz em receber um casal como nós, que às vezes aparecem uns “jovens aventureiros” e que ele não bota muita fé que permanecerão no Québec por muito tempo. Achamos que ele se referia ao rapaz, mas não faço idéia. Mas o que ficou pra mim é que a produção no visual mais sério funcionou muito bem.
Depois ele já foi avisando que por causa do apagão da noite anterior, a impressora não estava funcionando. Daí já pensei: ei, será que ele já nos aprovou?! Sinceramente acho que sim, mas...
Aí ele pediu pra ver nossos documentos. Ele não havia entendido qual era o meu MBA, tentou traduzir e não conseguiu. Prontamente eu traduzi e ele começou a rir, pois era completamente diferente nas duas línguas. Em português é Gestão de Negócios Sustentáveis, já em francês é Gestion des Affaires Durables.
Ele perguntou como estava o meu inglês e eu respondi (em francês) que estava enferrujado, que há muito não o utilizava. Ele fez um sinal de ok e continuou a entrevista.
Continuou na papelada e parou no nosso passaporte, buscando uma confirmação de que já havíamos ido ao Québec. Lá não tinha nada, pois recebemos o carimbo de entrada em Toronto e depois seguimos pra Montréal. Ele ficou meio confuso com isso, meio desconfiado. O medo deles (não sem razão) é que a pessoa pegue o visto e vá morar em outra província.
Foi então que pegamos nosso lindo e maravilhoso álbum de fotos da viagem! Havíamos selecionado as fotos por temas e montamos um livro. (Fizemos o nosso na All Photos, mas existem várias empresas que fazem isso. Em minha opinião vale muito à pena pra entrevista e pra guardar depois.)
Quando ele viu as fotos, o rosto se abriu! Ele ficou impressionado com o mapa na primeira página que mostrava os lugares por onde havíamos ido, desde cidades grandes à minúsculas e charmosas. Aí ele disse: ah, isso encerra várias perguntas, pois agora eu sei que vocês entendem o Québec, sabem nossa maneira de viver e nossas prioridades. Bom, à partir daí ele ficou comentando sobre as fotos e lugares, sobre monumentos arquitetônicos, etc.
Depois de um bom tempo de papo furado, ele retomou a formalidade da entrevista, perguntando como era nossa rotina de trabalho atual e se entendíamos os problemas de ter uma profissão com ordem profissional. Explicamos nossa rotina e daí iniciamos a falar da nossa profissão.
Saquei os budgets e novamente o rosto dele se iluminou! Isso porque viu a possibilidade de trabalharmos como técnicos de arquitetura enquanto estivermos com o processo de equivalência na ordem de arquitetos. Além disso, ele adorou a quantidade de informações que estava lá.
O plano de trabalhar como técnico era nosso plano B. Aí ele disse: esse é o plano A, vocês devem apostar nesse plano que serão muito bem sucedidos no Québec! 
Então começou a falar que aqui estamos no topo da pirâmide e que lá teremos que descer na pirâmide pra depois subirmos novamente. Explicamos que estamos prontos pra isso, pois realmente buscamos uma melhoria de qualidade de vida e morar no Québec traria essa melhoria pra nós.
Então ele entrou no por que queríamos imigrar. Falamos nossas razões e ele anotou. Aliás, tudo ele anotava no computador.
Depois parou de falar, ficou escrevendo no comp e por fim disse: parabéns, vocês foram aceitos com muitos pontos de folga. Infelizmente não poderei entregar agora seu CSQ, mas logo ele chegará pelo correio. 
Aí foi só alegria, explicou que deveríamos correr com a equivalência de nossos estudos desde o Brasil, que deveríamos nos inscrever na Francisation En Ligne, entregou uma publicação do Apprendre Le Québec e só!

Dicas para a entrevista: 

  • Vá bem vestido. Não tenha medo de estar mais formal que o entrevistador, ele vai encarar isso como sinal de respeito ao processo de imigração e seriedade do candidato. Mas cuidado com extravagâncias afinal, menos é sempre mais! 
  • Pegue o que você tem de maior potencial e "pinte de vermelho". Se já foi ao Québec, leve um álbum bem produzido, mostrando coisas do cotidiano deles, como alimentação, casas, cidadãos... Se fala inglês maravilhosamente, quando ele perguntar seu nível, responda em inglês e comente alguma coisa que você acha interessante...
  • Faça um budget realmente realista e minucioso. Isso te ajudará depois e certamente mostrará que você está com os pés no chão.
  • Se é arquiteto, investigue sobre a profissão de técnico. Tem técnico de arquitetura, de urbanismo, de desenho de interiores, e por aí vai. Isso vai mostrar que você está disposto a "cair um degrau na pirâmide pra depois subir", como disse o M. Leblanc.
  • Não se preocupe, ele fala francês o tempo todo, mas bem calmo, pra garantir que você entenda.

O tempo agora:
Montréal 20ºC / Rio de Janeiro 26º

3 comentários:

Um dia... Aline... no Québec disse...

Oi Alice!

Estou com um friozinho no estômago só de ler o relato de sua entrevista, imagine quando chegar na minha hora... rsss.
Mais uma vez, muito obrigada por relatar sua experiência para ajudar "novatos" como eu.

Bjos.

Aline

Layla Magalhães disse...

Aahh! Achei finalmente! Rs! Muito bom relato, obrigada!

Alice no País das Maravilhas disse...

Oi Layla,

Que bom que o relato adiantou pra você. :)

Pretendo, quando chegar em chez nous, enviar mais informações pros arquitetos de plantão, sedentos por contatos "cheznousescos"... ehehehehe

Beijinhos,
Alice

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