7 de setembro de 2010

Aborto

Ontem fiz um post com frases impactantes da Barbara Kruger. Uma delas era parte de uma campanha pró-aborto. Curiosamente um Anônimo pegou essa questão e trouxe o tema à mesa, com um texto que pode ser lido aqui.

Como acho que esse tema dá muito pano pra manga, resolvi transformá-lo em post, pra discuritmos à vontade. 

Antes de começar, queria dizer que respeito muitíssimo quem escolhe fazer ou não um aborto. Mais ainda, quero deixar claro que essa discussão nada tem a ver com os casos terríveis de abortos espontâneos, onde a grávida feliz se vê numa situação de desolamento total. Por isso, não se ofendam, certo? A discussão é sobre a escolha, ou não, por abortar um bebê que aparece de forma ou momento indesejáveis. :)

Desde nova acompanho as discussões sobre a legalização do aborto. É um tema recorrente na nossa sociedade e bem presente na vida da maioria dos brasileiros, seja através de uma coleguinha grávida na escola, seja por outra que foi na clinica X, ou mesmo aquela que teve uma infecção e quase morreu numa clinica bizarra. Mas o mundo gira e, quando a gente se aproxima do universo adolescente, fica bem fácil se deparar com essa temática (até porque as mulheres adultas não expõem suas questões com tanta facilidade).

Toda vez que esse tema chega na esfera política, acaba sendo abafado por milhões de entidades (principalmente religiosas) que, em defesa à vida do feto, partem pra cima e impedem que o assunto ande. A última vez que acompanhei uma discussão interessante foi quando o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu um plebiscito sobre o aborto e trouxe à tona um turbilhão de informações que circundam o tema, mas que às vezes são deixadas de lado.

Outro dia o Ornitorrinco me enviou um post de uma pessoa que questionava a liberação do aborto no Canadá. Segundo ela, 1/3 das gestações seria interrompida. Também segundo ela, isso vai contra a economia do país, já que eles estão envelhecendo e tendo que "importar" imigrantes. 

Na Suécia também é liberado e, obviamente, passaram um tempo tendo alguns problemas com as meninas mais jovens. Elas passaram a tratar o aborto como um método contraceptivo. Assim, o Governo terminou por estabelecer um número máximo de abortos permitidos na vida de cada mulher e começou a equilibrar a balança. Essa medida, juntamente com uma mega campanha educativa, claro.

Mas o Brasil está muito longe dessas questões. Temos uma super-população, extremamente pobre, semi-analfabeta, sem auxílio da saúde pública para a maioria das coisas, sem assistência psicológica pra tudo, sem normatização sobre o aborto. Aqui fingimos que isso não existe e assim fica combinado. Somos bons em fingir que as coisas não existem, né? ;)

O Ministério da Saúde, em 2008, terminou uma pesquisa interessantíssima sobre o tema (são 20 anos de pesquisas sobre o aborto no Brasil), vou tentar passar aqui alguns dados. Trata-se de um texto de 315 páginas, então tentarei ser o mais consisa possível.

_________________________

"Os resultados confiáveis das principais pesquisas sobre aborto no Brasil comprovam a tese de que a ilegalidade traz conseqüências negativas para a saúde das mulheres, pouco coíbe a prática e perpetua a desigualdade social. O risco imposto pela ilegalidade do aborto é majoritariamente vivido pelas mulheres pobres e pelas que não têm acesso aos recursos médicos para o aborto seguro.

Enfrentar com seriedade esse fenômeno significa entendê-lo como uma questão de cuidados em saúde e direitos humanos, e não como um ato de infração moral de mulheres levianas. E para essa redefinição política
há algumas tendências que se mantêm nos estudos à beira do leito com mulheres que abortaram e buscaram o serviço público de saúde: a maioria é jovem, pobre, católica e já com filhos.

Essa descrição não representa apenas as mulheres que abortam, mas as mulheres brasileiras em geral. Por isso, a compreensão do aborto como uma questão de saúde pública em um Estado laico e plural inaugura um novo caminho argumentativo, no qual o campo da saúde pública no Brasil traz sérias e importantes evidências para o debate."

  • Quantidade: 1.054.242 abortos ocorreram em 2005.
  • Faixa etária: a vasta maioria dos estudos inclui mulheres entre 10 e 49 anos.A faixa etária com maior concentração de abortos é de 20 a 29 anos (51% a 82%). Na adolescência, os estudos registram uma concentração entre 72,5% e 78% na faixa etária de 17 a 19 anos.
  • Religião: entre 44,9% e 91,6% do total de mulheres declaram-se católicas. Entre 4,5% e 19,2% declaram-se espíritas, e entre 2,6% e 12,2% declaram-se protestantes. Um estudo com 21 mulheres que induziram o aborto identificou que 9,8% delas não tinham religião.
  • Participação social: a maioria das mulheres participa do mercado de trabalho (uma mudança significativa para os anos 1980, quando mais da metade das mulheres estava fora do mercado de trabalho). Descrição do universo do trabalho das mulheres que realizam aborto: trabalhos femininos (emprego doméstico), comércio, ofícios informais (cabeleireira e manicure), além de estudantes, com renda familiar de até três salários mínimos.
  • Adolescência: Os estudos sobre aborto na adolescência seguem as tendências sociais de gravidez nesse período da vida, mostrando adolescentes fora da escola e do mundo do trabalho, em situação de dependência econômica de familiares e/ou do companheiro. Apesar de essas serem questões importantes para a análise da vulnerabilidade feminina frente a uma gestação, os estudos que apresentam evidências ou análises de como elas atuam na decisão pelo aborto são ainda raros.
  • Chances: gestação entre jovens de 18 a 24 anos. - quanto maior a renda e a escolaridade, maiores as chances de a primeira gravidez resultar em um aborto. 
  • Métodos contraceptivos: Uma diferença importante entre os estudos com grupos de adolescentes (10-19 anos) e de mulheres jovens adultas (20-29 anos) é a declaração de uso de métodos contraceptivos: -  as adolescentes fazem menor uso desses métodos quando comparadas com as mulheres jovens adultas. Mais da metade das mulheres jovens adultas que moram nas Regiões Sul e Sudeste e que abortam declara uso de métodos, em particular a pílula anticoncepcional, o que sugere seu uso irregular ou equivocado. No caso dos estudos da Região Nordeste, a ausência de métodos contraceptivos na ocasião da gravidez é alta, entre 61,1% e 66% em estudos com amplas amostras de base populacional.
  • Filhos anteriores: Apenas entre 9,5% e 29,2% de todas as mulheres que abortam não tinham filhos, um dado que leva muitos estudos a inferir que o aborto é um instrumento de planejamento reprodutivo importante para as mulheres com filhos quando os métodos contraceptivos falham ou não são utilizados adequadamente. Quando os estudos segmentam segundo faixa etária e número de filhos, as adolescentes compõem o grupo que menos induz o aborto.
  • Métodos abortivos: nos anos 1980 - venenos, líquidos cáusticos ou injeções. Depois dos anos 90 - misoprostol passou a ser o método preferencial para realizar o aborto em casa ou para iniciá-lo em casa e terminá-lo nos hospitais. Para as mulheres que finalizam o aborto nos hospitais, é nas primeiras 24 horas pós-uso do misoprostol que a mulher procura um hospital público. Em geral, os sintomas são dores abdominais e sangramento. Entre 70% e 79,3% delas chegam com esses sintomas, sendo diagnosticado o abortamento incompleto. Entre 63% e 82% delas estão com até 12 semanas de gestação. O tempo de internação é de 1 dia entre 30% e 85,9% das mulheres incluídas nas pesquisas. Entre 9,3% e 19% apresentam sinais de infecção.
  • Mortalidade: Nos anos 1990, o aborto induzido se manteve entre a terceira e quarta causa de mortalidade materna em várias capitais brasileiras. A estimativa oficial da razão de morte materna é de 76/100.000. Em algumas cidades, como Recife e Salvador, o aborto ocupou o primeiro e o segundo lugar no grupo. Os estudos de meados dos anos 1990 e 2000 passaram a registrar uma mudança epidemiológica significativa no perfil da morte materna por aborto induzido. Houve uma redução de casos e várias pesquisas passaram a analisar a correlação entre a queda na morbimortalidade por aborto induzido e o uso do misoprostol como método abortivo em detrimento de métodos perfurantes, cáusticos ou do recurso às leigas.
  • Histerectomias (retirada do útero): entre as décadas de 1970 e 1980 registravam índices alarmantes de histerectomias por aborto séptico. Registrou que 88% das histerectomias até 24 semanas de gestação deviam-se a aborto realizado em condições inseguras, em geral com métodos perfurantes.
  • Misoprostol: medicamento com circulação restrita no País e proibido para fins abortivos fora de indicações médicas controladas. O universo da comercialização e circulação do misoprostol é desconhecido, mas dados iniciais mostram que o itinerário dessa substância segue o do tráfico de drogas ilícitas e de anabolizantes. Se, por um lado, o acesso ao misoprostol reduziu as seqüelas e complicações por métodos abortivos arriscados comuns aos anos 1980, por outro, o contexto de ilegalidade do aborto lança novos desafios à saúde pública. Um deles é o risco de aproximação das mulheres e seus parceiros ao tráfico ou comércio ilegal de drogas para adquirir o misoprostol; o outro é o de que, para muitas mulheres, a eficácia do misoprostol como método abortivo depende do acesso imediato a hospitais para a finalização do aborto.
  • Ilegalidade: Um estudo qualitativo com 11 mulheres processadas judicialmente por aborto induzido nos anos 2000 mostrou que 80% delas iniciaram o aborto com misoprostol, mas quase a metade foi denunciada à polícia pelos médicos que as atenderam nos hospitais.  Muito embora a denúncia seja uma violação de princípios éticos fundamentais à saúde pública e à profissão médica, as mulheres não têm a garantia do sigilo durante a fase de hospitalização. Quase todas as mulheres do estudo foram processadas pela prática do aborto após denúncias sofridas durante o processo de hospitalização.
  • Síndrome de Möbius ou Seqüência de Moebius (SM): foi apontada como a principal seqüela para o feto da tentativa ineficaz de aborto por misoprostol. A SM é uma má-formação rara, e constituía objeto de poucos relatos na literatura internacional até a abertura do debate por pesquisadores brasileiros. Há quase uma década, as mulheres recebem a explicação científica de que a má-formação de seus bebês é resultado da tentativa ilegal de aborto por misoprostol. Esta hipótese científica não constitui um diagnóstico médico consolidado. Não há estudos que analisem o impacto da enunciação do diagnóstico de SM como resultado do uso de misoprostol.
"OS ESTUDOS NÃO MOSTRAM como se aborta nas clínicas privadas, com leigas ou parteiras. Não se sabe como as mulheres têm acesso aos instrumentos abortivos, em particular de quem compram ou recebem o misoprostol ou os chás; não se sabe quais os recursos abortivos e práticas adotados pelas mulheres rurais e indígenas;  não se sabe qual o impacto da raça na magnitude, na morbidade e na experiência do aborto induzido; não se sabe como as desigualdades regionais são refletidas na morbidade do aborto induzido ilegalmente; não se sabe como indicadores de desigualdade social (classe social, geração, raça, deficiência) atuam na decisão de uma mulher por induzir um aborto; não se sabe como mulheres em situação de violência sexual doméstica decidem pelo aborto; não se sabe como a epidemia do HIV/aids se relaciona com a prática do aborto. Sabe-se pouco sobre o universo simbólico das mulheres que abortam, sobre o processo de tomada de decisão e o impacto em sua trajetória reprodutiva ou em seu bem estar. Os estudos sobre assistência à saúde e mulheres em situação de abortamento induzido são raros, e há poucas pesquisas sobre os serviços de aborto legal."
_______________________

Pessoalmente sou 100% pró a legalização do aborto. Acho um escândalo expor nossas mulheres à busca do submundo, à ilegalidade, para que possam interromper uma gravidez. São mais de 1 milhão de mulheres por ano, só aqui no Brasil, que se submetem a todo tipo de mazela para poder garantir a interrupção de sua gestação. São quase 800 mortes por ano, só no que se tem registro.

Isso não significa que sou a favor de todos os abortos. Já briguei com uma amiga porque ela e o namorido resolveram abortar porque estavam começando o relacionamento. Achei pouco, já que os dois estavam e estão perdidamente apaixonados e, seis meses depois engravidaram novamente e tem uma linda filhinha. Minha revolta foi principalmente em função do danos físicos e psicológicos que este ato poderia ter provocado, indo numa clinica obrigatóriamente clandestina.

Também já briguei com uma amiga que não quis abortar. Ela tinha 14 anos, sem apoio do pai do feto, sem apoio da família. Ela e uma barriga, soltos no mundo. Essa amiga, convencida pelo pai do feto que abortar seria como dar um tiro na cabeça de alguém, ficou sozinha, sem brilho no olho, sem pique pra vida. Seu filho e ela passaram por dificuldades tremendas que não desejo a ninguém. Dificuldades além de financeiras, emocionais profundas.

Não acho nada simplória essa discussão, acho que aqui tem muito causo, muita história, muito detalhe. Por isso chamo a todos que quiserem a dar sua opinião. Só peço pra nos distanciarmos das questões religiosas que poderiam entrar aqui, porque senão entraremos no terreno do imponderável e da intolerância. ;)


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29 comentários:

Mr. B disse...

Não consigo identificar o problema da legalização. Quem acredita que não deve abortar, vai continuar sua vida normalmente. Ninguém vai ser obrigado a abortar. É a legalização da escolha.

A liberação serviria pra salvar as meninas que iam abortar de qualquer jeito. Que iam se expor em clinicas clandestinas ou usando medicamentos proibidos.

Não sou de modo algum a favor do aborto como método contraceptivo, mas acho que cabe a mulher, e não ao estado, decidir o que é melhor pra ela.

Anônimo disse...

Oi, Alice!
Excelente texto, como sempre!

Sou 100% pró-legalização do aborto tbm.
Mas acho muito difícil que ela aconteça no Brasil. Esse ainda não é um Estado laico!

Mas ainda não sei até quantos meses ele deve ser permitido. Deve ser terrível pra qualquer mulher ver um feto quase completo saindo morto de dentro dela... Mas com certeza só chega a esse ponto porque as mulheres que querem abortar perdem tempo pensando em estratégias para driblar o Estado, que quer mandar no útero delas.


Abraço!

Alice no País das Maravilhas disse...

Olá Mr. B e Vanessa! :)

Pois é, essa definição se o aborto é correto ou não vir como lei, pelo Estado, realmente é bem complicada. Morri de pena das meninas lendo a pesquina do Ministério da Saúde. Eu sabia que a situação era ruim, mas não imaginava que era tão ruim assim. :(

Beijinhos,
Alice

Patitando disse...

Oi Alice, sou completamente contra o aborto e 100% pró-vida, principalmente depois de ter sofrido um aborto espontâneo e agora que estou grávida do meu primeiro bebê. Eu acho que o Estado devia investir é em formas de simplificar o processo de adoção, que é ineficiente, caro e demorado por aí. Conheço de perto algumas famílias que tentaram por anos ter filhos e tiveram suas vidas transformadas depois de adotar. No Brasil a mulher aborta clandestinamente em parte por falta de opção. Em outros países é comum a opção decidir doar a criança ainda durante a gestação. Claro que envolve muitas outras questões emocionais e culturais, mas preserva a vida e ajuda a construir outras famílias.

Alice no País das Maravilhas disse...

Oi Pati,

Tudo bom querida? :)

Como eu disse lá no começo do post, não entro aqui na questão dos abortos espontâneos. Eles não são uma escolha.

Mas no caso dos abortos induzidos pela gestante, acho que a questão é bem diferente.

Sei que há essa discussão se o feto é uma vida ou não. Mas acho que o direito ao próprio corpo passa pela escolha de gerar ou não uma vida.

Você, que está grávida, sabe mais do que ninguém do efeito que um bebê crescendo no seu corpo faz. Muda tudo. Muda seu corpo, muda seu psicológico e muda como o mundo te enxerga.

Agora imagina se esse bebê foi gerado por um estupro? As estatísticas mostram crianças de 10 anos que praticam aborto. Imagina, 10 aninhos, grávida! De quem seria esse bebê? Provavalmente do pai, padrasto, tio...

Outras mulheres entram em pânico quando descobrem que estão grávidas porque serão demitidas. Elas mantém a família e, com certeza, ao menor sintoma de gravidez ela estará na rua.

Você sabe como é sentir as náuseas da gravidez, e os cuidados que ela exige. Imagina se você fosse faxineira, como é o caso de grande número das mulheres que entraram nas estatísticas? Como trabalhar num emprego tão pesado, enjoando, depois carregando um barrigão?

Não é nada simples essa discussão, mas acho que levar só pra o lado da adoção é muito pouco.

Concordo que adoção no Brasil é super-complicado, mas não é por falta de crianças. É porque nossa legislação é totalmente restritiva. ;)

Beijinhos, vamos discutindo que o tema é rico! :)
Alice

Ornitorrinco disse...

Ah, mas tem a criança e bota para adotar!!! A sério, esse argumento é NA MELHOR das hipóteses INGENUO, quer dizer a menina tem 12 anos, transou com o namoradinho e agora ela vai ter que ficar grávida, ter o filho, perder a vida social, perder tudo que ela tem pq um bando de religioso careta acha que o feto é mais importante que a menina ???
Pq eu tava vendo um programa na TV ontem sobre isso, e quando questionaram para uma menina de 15 anos como foi ter filho, sabe oq ela respondeu ?
Ah, para mim acabou, larguei a escola, me afastei dos meus amigos, não brinco mais, agora fico em função da criança.
É ESSA a alternativa??
Eu como homem, acho que não tenho direito NENHUM sobre o corpo de mulher NENHUMA, e acho que a mulher tem que fazer o que for do melhor INTERESSE DELA, qualquer outra coisa é pura demagogia barata.
E para concluir : Uma questão de aspecto prático:

O aborto ESTÁ ai, e vai CONTINUAR, assim como as drogas, a prostituição, etc etc
Podemos fingir que isso não é algo INERENTE a raça humana e que vai continuar para ia para sempre e podemos ficar apontando dedo e fazendo ar de conservador pudico ofendido, ou podemos seguir o exemplo dos holandeses, parar com hipocrisia e construir uma sociedade mais justo, mais prática e preocupada em resolver aspectos PRÁTICOS e não fingir que eles não existem!.

Alice no País das Maravilhas disse...

EIII Ornitorrinco, calma lá!

Eu pedi que a religião não entrasse nessa discussão exatamente pra não cairmos no debate restrito. Porque se você fala que a culpa é das igrejas e a outra pessoa fala que a culpa é dos sanguinários... aí a discussão morre nela mesma, não?

Agora fiquei até sem chão, porque se um membro do blog pode meter o pau assim, todo mundo pode... Então beleza, luta livre inaugurada. ;P

Sem-beijinhos mas com concordâncias,
Alice

Mr. B disse...

A Pati se encaixa perfeitamente no que eu disse em meu primeiro comentário: quem é contra o aborto vai continuar sua vida normalmente após a legalização. Pra ela é indiferente a decisão do Estado.

E o que a gente faz com as outras meninas quem não têm a mesma estrutura familiar? As que querem (e vão) abortar, seja legalmente ou não?

Anônimo disse...

Oi Alice,

Tudo bem?

Gostei muito do seu post e fiquei impressionada com alguns números trazidos na pesquisa.

Assim como vc, também sou totalmente a favor da legalização do aborto.
Na minha opinião, a decisão de abortar ou não deveria caber exclusivamente à gestante ou ao seu representante legal (nos casos de incapacidade daquela) em qualquer situação!!! (O que não quer dizer que eu concorde com todos os abortos que acontecem por aí).
Mas em se tratando de Brasil, acho que essa legalização precisa vir acompanhada de uma política educacional bastante estruturada para que o aborto não se torne um mero método contraceptivo ou uma decisão leviana.

De outro lado, embora respeite a opinião daqueles que são contra a legalização por se dizerem pró-vida, eu gostaria de saber como fica a questão da vida das milhares de mulheres que se expõem a intervenções em clínicas clandestinas e ali morrem? Onde está o direito à vida dessas mulheres?
Afinal, o número é realmente alarmante e a vida dessas mulheres não pode ser desconsiderada em detrimento da possibilidade de futura vida do feto.

No que tange ao nosso ordenamento jurídico, tendo em vista a forte influência de alguns setores da sociedade (principalmente setores religiosos), considero um passo importante a nossa legislação permitir o aborto em 2 casos, quais sejam: os casos em que a gravidez é fruto de estupro; e os casos em que a gestação coloca em risco a vida da gestante.
Lamento, entretanto, principalmente, a demora do "douto" STF para julgar a ADPF 54 que requer a constitucionalidade do aborto para os casos de anencefalia do feto (quando por uma má-formação, o feto não desenvolve o cérebro e não terá condições de sobreviver mais do que algumas horas).
A ação mencionada se arrasta desde 2004. E, enquanto isso, as gestante sabedoras de tal diagnóstico são obrigadas a levar adiante uma gestação mesmo sabendo que o seu filho não terá viabilidade de vida, ou seja, embora ele nasça e "respire", não sobreviverá mais do que algumas horas, pois ele não tem possui um órgão vital.
Neste momento, me pergunto, onde está o fundamento constitucional "dignidade da pessoa humana" desse Estado Democrático de Direito?
Qual a dignidade dessa mãe que se sujeita a uma gestação traumática que só resultará em sofrimento? Qual dignidade está sendo preservada ao proteger o feto que viverá por apenas algumas horas?

Bem, era o que eu tinha a acrescentar a essa discussão.

beijos
Dani

Anônimo Curioso disse...

Não vou devender nem criticar a posição de ninguém apenas dar dados para a reflexão.

O que pensa o povo do Quebec?

Análise de parte da letra de "Dégénérations" do grupo Mes Aïeux - que expressa bem o pensamento do Quebeco com espírito crítico:


Ton arrière-arrière-grand-mère, elle a eu quatorze enfants
Ton arrière-grand-mère en a eu quasiment autant
Et pis ta grand-mère en a eu trois c'tait suffisant
Pis ta mère en voulait pas ; toi t'étais un accident

A medida que o tempo foi passando as mulheres diminuiram naturalmente o número de filhos. Conforme diz a letra muitas jovens do quebec não teriam nascido pois foram na verdade um acidente. Mas, segundo eles, a coisa piorou.


Et pis toi, ma p'tite fille, tu changes de partenaire tout l'temps
Quand tu fais des conneries, tu t'en sauves en avortant

Opa! Para eles engravidar sem planejamento é connerie em bom português estupidez, então vc se salva (da connerie) abortando... (não se está falando de estupro ou doenças congenitas, ok?) Não são minhas palavras são do grupo.

Mais y'a des matins, tu te réveilles en pleurant
Quand tu rêves la nuit d'une grande table entourée d'enfants

Aqui o grupo relata a cicatriz psicologica do aborto, os pesadelos na menina com os filhos que ela não teve. Segundo a letra da música, a solução do aborto legalizado não é assim uma brastemp.

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No Quebec o aborto é legal (permitido) mas não quer dizer que as pessoas achem isso legal (apropriado).

E tem comentários defendendo o aborto com método anticoncepcional. O que houve com a pílula, a camisinha, o diu, etc... como métodos anticoncepcionais? Não é mais fácil e menos traumático que abortar? (de novo não se está falando de estupro ou questões de saúde, ok?)

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Para refletir.... teatrinho ácido.

Cena 1:

Patrão: nossa empresa não está bem financeiramente, não temos como pagar o salário de todos os funcionários.
Empregados: vc vai despedir alguém.
Patrão: Melhor, vamos matá-lo com um aspirador gigante! A empresa é minha eu sei o que é melhor pra ela.
Fecha o pano.

Cena 2:

Alice: Os custos de transporte de animais são proibitivos, acho que não poderemos sustentar o Azeitona nessa jornada.
Gato: Vc acha então que devemos dá-lo para adoção? Ou talvez deixar com alguem que cuide dele por um tempo?
Alice: Não! Nosso processo de imigração está em risco. Vamos matar o azeitona! Ele nem é um ser humano. É só um monte de células crescendo na nossa família.
Fecha o pano (pobre Azeitona)

Anônimo Curioso

Alice no País das Maravilhas disse...

Todo mundo já percebeu que a Alice tem múltiplas personalidades. Ela luta pra ser uma boa moça. Mas quando vai dormir com um a mandando se fuder e acorda com o outro matando o Azeitona, não há mantra, terapia holística ou vela aromática que me impeça em entrar em cena! Por tanto, agora aguentem porque quem vos fala é a Rainha de Copas!

Acho essa conversa toda uma bobagem. Eu nem queria deixar a Alice escrever esse post. Porque é ÓBVIO que alguém apareceria aqui pra falar que é tudo culpa de crente e outro alguém pra falar que temos que salvar a vida.

Que papo é esse de vida afinal? O que é vida?

Porque assim, pra mim, tudo que tá vivo tem vida. Nada mais óbivio. Mas parece que rola uma seleção bacana sobre isso. Tem vida o feto, mas não tem vida a grama que todo mundo pisa em cima. Isso sem falar no boi, na galinha, na folhinha de alface e cenourinha gostosa.

Então não importa a vida se é pra eu comer ou enfeitar a minha vida, é isso?

E o mosquito, ele tem vida mas posso matá-lo porque ele pode me transferir um virus? E a cobra, que fica lá no canto dela mas, depois que eu desmato tudo e ela fica sem casa, se ela invadir meu espaço (invadido) tenho todo o direito de pegar um pau e meter na cabeça dela!

Já expliquei pra Alice, essa conversa não leva a nada. Mas ela teima em achar que argumentando, pode-se chegar num ponto mais elevado da discussão. Coitada.

Outra coisa engraçada desse papo de vida. A mulher engravida, acha tudo lindo e maravilhoso. Chega no médico e ele dá um "se ligue" porque a qualquer momento ela pode abortar e nem perceber. Conheço gente que passou por isso. Foi lá, fez a ultra, ouviu coraçãozinho, chorou de emoção. Próxima ultra e... naaaddaaaa. Porque? Porque o feto nessa fase ainda não tá "preso" no corpo, que tá tentando expulsar o "corpo estranho".

Mas assim tá tudo bem. Agora, se a menina foi lá e reslveu aproveitar que o feto ainda tá meio pra lá e meio pra cá, e tira o bebê, aí é porque ela é sanguinária, assassina e má!

Aí vem toda aquela lenga lenga de que a igreja é má, que os cristãos são chatos. Na boa, num to nem aí, podem ser chatos à vontade. Desde que não me impeçam de escolher o que será da minha vida, do meu futuro (e da minha família) daqui pra frente. Porque aí é presunção demais pro meu gosto.

Sobre o que todo mundo concorda que aborto num pode ser método contraceptivo. Dã, nada mais lógico, né. Mas daí a achar que porque eu quero e o governo fez umas propagandas, essa situação não vai mais acontecer... é o mesmo que acreditar que o Mundo Imaginário existe, poupe-me.

Ah, não posso esquecer do lindo debate da adoção. Gente, por favor, escutem o que dizem! Então eu vou carregar 9 meses um bebê que eu não quero, vou expor minha vida, meu trabalho, meu corpo a uma gestação, pra depois deixar o garoto lá, num abrigo bizarro, pra ele sofrer todo tipo de abuso? Non, merci.

O Brasil num é capaz de fazer uma legislação que preste pra adoção, num é cpaz de gerenciar abrigos pra mulheres perseguidas, não é capaz de ter um espaço de correção de menor que não o transforme em bandido... Como é que querem que eu acredite que um abrigo pra crianças a serem adotadas será muito melhor que isso? Aí beleza, vou gerar um bebê pra garantir que ele ficará sofrendo todo tipo de miséria pro resto da vida. Que legal isso! (chegaria a achar fofo - seu eu fosse capaz disso - que a Dani fique na espectativa de leis tão atrasadas, achando que depois tudo vai melhorar)

(continua abaixo)

Alice no País das Maravilhas disse...

(voltando)

Ah, esqueci, aqui tem o povo que gosta de adotar informalmente. Vai atrás de uma pobre coitada desamparada e pede o bebê na hora que nasce. Já sai do hospital com ele regitrado no nome da nova mãe. Me lembra as amas de leite...

Falando nisso, que comparação bizonha foi aquela do patrão com o aspirador?! Curioso, você já foi melhor nisso. Mas tudo bem, a gente não pode esquecer que há uns 100 anos era bem provável fazer isso, a prática só não era maior porque escravo custava caro.

E ainda tem o lance do que o quebecois acha ou deixa de achar. Na real, não to nem aí. Contanto que eles permitam que cada um viva com poder sobre o próprio corpo. Como eles fazem isso, continuo dizendo: Vive le Québec Libre!

Isso, porque esse Libre não é referente só à sua independencia do Canadá, ou da monarquia patética britânica. Libre, pra mim (claro, né!) se refere ao respeito ao outro, que essa sociedade insiste em ter.

E tenho dito.
Rainha de Copas

obs. 1: Ornitorrinco, se aprontar outra dessa com a Alice, mando cortar seu ferrão! ;)

obs. 2: Curioso, se vier matando o Azeitona de novo, prepare-se pra vingança da Rainha de Copas! :P

Anônimo Curioso disse...

Calma Alice, Rainha de Copas, sei lá....

Não matei o Azeitona não, era só um teatrinho de humor negro. Sou a favor da vida. Se bem que seu último comentário me deixou em dúvida com relação ao que é vida...

Esses dias eu vi uma notícia de uma baleia que encalhou no litoral brasileiro. E um entrevistado disse: é uma pena, dá até tristeza... um animal tão bonito... Aí ele deve ter saído dali e batido um filé ou uma coxinha de frango.

Aí a galinha e a vaca perguntam: o que a baleia tem que eu não tenho?

O pessoal fala um monte dos pobre golfinhos mortos durante a pesca do atum. Todo mundo defende o golfinho.. e quem defende o Atum!?!? Ninguém!

Pq a suposta morte do pobre Azeitona é mais chocante do que a morte do feto da menina de 12 anos que engravidou do namoradinho? Tb não sei a resposta.

Assim como não sei pq matar "um ser humano em potencial" (chame de embrião ou feto se quiser) pode ser OK.

Enquanto ir na ONG da esquina buscar uma cesta de alimentos para ajudar no orçamento não é OK.

Estranhei os valor... fui embora cada vez mais confuso... e curioso.

Anônimo Curioso

Mr. B disse...

Não entendo como uma sociedade que é contra o aborto permitiu que fosse legalizado. Daí cabem duas opções:
Ou o Anônimo Curioso cometeu uma Hasty Generalization para todo um povo com base apenas na opinião de um grupo musical;
Ou, e aí eu só vou passar a admirar ainda mais esse povo, eles são em sua maioria contra o aborto e nunca fariam. Mas ao mesmo tempo são a favor da legalização apenas para que cada um faça o que achar melhor.

Patitando disse...

Oi Alice,
Aí vão minhas últimas considerações sobre o assunto:
- Fala-se muito em direito, mas não vejo ninguém falando no direito das vidas que são tiradas. Pergunte a qualquer pessoa se ela gostaria de ter sido abortada? Claro que não... Em um aborto o feto não tem direito à escolha nenhuma.
- Como grávida sei muito bem os efeitos que uma gestação causa no corpo de uma mulher, mas de forma alguma acho que isso é motivo para tirar uma vida.
- Sobre estupro entendo que é uma outra situação, mas pelo que entendi das estatísticas, a grande maioria dos abortos não é causada por estupros.
- Outra coisa que não foi dita é a falta de conscientização, educação e acesso a métodos contraceptivos. A consequencia lógica do sexo sem contracepção é gravidez, o corpo foi feito para isso. Quem tem vida sexual ativa precisa admitir a possibilidade de engravidar, e isso não acontece assim do nada. Então acho que a história começa bem mais para trás.

Para fechar, aí vai o vídeo do depoimento de uma jovem que sobreviveu à algumas tentativas de aborto, vale muito a pena ver:
Parte 1 http://www.youtube.com/watch?v=rztaZbzPOro&feature=related
Parte 2 http://www.youtube.com/watch?v=NFPxE30nh8A&feature=related
Desculpe, mas apesar de não ser o foco da discussão aqui no blog, o vídeo fala sim no nome de Jesus. De qualquer forma estou colocando aqui não para falar de "religião" para mostrar o ponto de vista e a voz de quem não deveria ter sobrevivido.

Fui...

Ornitorinco disse...

Deixa Eu ver se eu entendi:

furou a camisinha, tem que ter filho
tomou anticoncepcional e falhou, tem que ter filho

meu, teve uma noite infeliz e teve sexo sem proteção, TEM filho

quer dizer que por um erro/falha de terceiros/descuido a pessoa vai ser punida pelo resto da vida??? tendo sua vida destruida ( pq vamos combinar um filho não desejado pode ser simplesmente o FINAL de qualquer sonho ou chance de crescimento pessoal, pode ser o fim do estudo, das relações com pessoas da sua idade, etc etc etc.... filhos são coisas ótimas quando vem numa estrutura estável, desejados ! ) pq é feio abortar? Olha até prisão perpétua tem direito a revisão para condição... mas parece que nesse caso a pessoa é obrigado a passar o RESTO da vida pagando pelo seu erro de um dia... me parece uma pena meio dura né ?

ninguem é INGENUO ou idiota como queiram de achar que aborto é metódo anticoncepcional... é OBVIO que não, mas então vou dizer o seguinte:

pq tomar remédios?? estamos indo CONTRA a natureza ao não deixar ela seguir o seu curso, não é isso anti-natural também???

Me parece que no fundo as pessoas nunca superaram o conceito do bom selvagem, do puro, do natural... eu acho SIM que a ciência está a serviço da qualidade de vida e da melhoria social como um todo.

Olha que bacana Patitando, tu estás indo para uma terra onde teu DESEJO vai ser respeitado, tu podes ter QUANTOS filhos quiseres, agora te pergunto, pq o desejo de outras mulheres não pode ser respeitado?? pq a verdade do ponto de vista de um grupo apenas de pessoas TEM que ser exportado para todo o mundo ? nunca vi alguem pró-aborto dizendo que todas as mulheres do mundo deveriam abortar, muito pelo contrário, tenho CERTEZA que ele vai defender e incentivar esse teu direito....
só queremos o mesmo para as outras ;)
pois é, a alface também não escolheu que eu comecesse ela, nem o gado escolheu virar meu bife.

viver implica "sugar" a vida dos outros, é o processo natural de sobrevivencia do mais forte ,é algo COMPLETAMENTE natural... alguns animais conseguem induzir naturalmente em si próprio o aborto quando as condições do meio ambiente não são propícias a ter uma nova cria, nossa espécie não consegue, porem desenvolveu técnicas para suplementar isso, pq não podemos as utiliza-las?

Anônimo Curioso disse...


Mr B disse:

Não entendo como uma sociedade que é contra o aborto permitiu que fosse legalizado...


Fatos:
1. quando essa musica foi lançada foi uma das mais pedidas nas rádios durante meses

2. o grupo Mes Aïeux é um grupo típico do quebec. Para conhecer mais: http://en.wikipedia.org/wiki/Mes_A%C3%AFeux

3. Não é um grupo religioso... ha ha. O primeiro album deles se chama "Ça parle au diable".

4. Sugiro vcs verem (pelo menos o trailer) o file Maman Last Call que trata também da questão levantada pelo Ornitorrico... o filme, é claro, é quebeco.
http://www.imdb.com/title/tt0396116/

Então sim, a mesma sociedade que legaliza o aborto (e o faz de graça!) também acha que a gradivez indesejada é um problema social e deve ser evitada.

Anônimo Curioso

P.S. vcs conhecem mesmo o país para onde vcs estão se mudando?

Alice no País das Maravilhas disse...

To de volta! Olá a todos! Vai um chazinho e velas aromáticas? *rindo*

Vou comentar um pouco sobre o que cada um foi falando. Os beijinhos ficam no final, ok? :)

Curioso

-A morte do Azeitona é mais chocante do que o feto de uma menina de 12 anos que engravidou do namoradinho?

Sim, a morte do Azeitona (meu gatinho, adulto e cheio de opinião) me é mais cara, afinal, ele é um membro da família. O feto da menina não me diz nada, acho ótimo que ela o aborte, afinal, 12 aninhos e grávida é barra pesada, não?

- "...não sei pq matar "um ser humano em potencial" (chame de embrião ou feto se quiser) pode ser OK. Enquanto ir na ONG da esquina buscar uma cesta de alimentos para ajudar no orçamento não é OK."

Nossa, você foi muito longe agora. Aborto é um assunto completamente diferente de cesta básica.

O primeiro se refere a questões que definem a vida de uma pessoa pra sempre. Cesta básica é um lance temporário (espero) pra quem tá precisando de ajuda pra sobreviver (e não pra brazuca economizar uns tostões pra fazer churrasco). ;)

Alice no País das Maravilhas disse...

Patitando

- "...direito das vidas que são tiradas. Pergunte a qualquer pessoa se ela gostaria de ter sido abortada?"

Querida, é uma pergunta um tanto imaginária, não? Mas enfim, eu não gostaria de ser abortada pela simples razão que não fui. Se tivesse sido, não teria opinião sobre nada. ;)

- "Como grávida sei muito bem os efeitos que uma gestação causa no corpo de uma mulher, mas de forma alguma acho que isso é motivo para tirar uma vida."

ok, uma decisão e escolha pessoal. Que bom que você tem essa escolha. :)

- "Sobre estupro entendo que é uma outra situação, mas pelo que entendi das estatísticas, a grande maioria dos abortos não é causada por estupros."

As estatísticas não falam de estupro porque não têm como. Aborto é ilegal, lembra? Ninguém pode sair ajudando a preencher formulários assim. Lá no final do meu resumo mostra isso.

Eles só tem dados das mulheres que aceitaram, estava hospitalizadas e em lugares de saúde pública. Ninguém mais... Imagina como devem ser os números de toda a lista se as mulheres excluídas das estatísticas entrassem?

- "...falta de conscientização, educação e acesso a métodos contraceptivos."

Claro Pati, o Brasil é um país de semi-analfabetos. A gente não garante nenhuma coisa básica. Vi outro dia uma menina que dizia tomar pilulas certinho diariamente... ela colocava intra-vaginal!

Aborto não é pra ser método contraceptivo, todos concordamos nesse ponto. Mas podemos obrigar uma menina dessas a ter um filho sem que ela queira e possa?

Alice no País das Maravilhas disse...

Ornitorrinco

- "pq é feio abortar?"

Acho que é feio porque é amoral. Tudo que é amoral é temido, hostilizado. Vale pra várias coisas, como homossexualismo, casamento a três, sadomasoquismo...e vários pontos que sejam ligados à sexualidade humana e não estejam dentro do padrão moral da sociedade ocidental cristã. ;)

- "Olha até prisão perpétua tem direito a revisão para condição... mas parece que nesse caso a pessoa é obrigado a passar o RESTO da vida pagando pelo seu erro de um dia... me parece uma pena meio dura né ?"

Achei essa comparação meio bizarra. É que nem a pergunta da Pati sobre a opinião dos fetos abortados...hehehe

Querido, as pessoas sofrem horrores, mas num pode esquecer que tem aquela injeção básica de hormônios que o corpo se encarrega de dar. Então ficam mãe e filho, se amando e odiando e passando fome pro resto da vida! ;P

Acho que a questão é se a gestante está disposta a pagar esse preço. Se não está, é um escândalo que o faça por obrigação. É isso? Se for, concordo plenamente. :)

- Sobre o natural, a ciência e viver implicar em "sugar" a vida dos outros

Pois é Ornit, esse é o meu ponto. Todos os dias matamos seres vivos pra manter a nossa vida como está.

Sou eco-chata, você sabe disso, e volta e meia fico numa crise absurda com isso. Nem vou colocar links de como tratam os pintinhos nas granjas porque eu fiquei muito mal depois que vi.

Pra mim, tem o mesmo peso do aborto. Se eu posso matar pintinhos deliberadamente, pra garantir meus ovinhos rosados na geladeira, por que não posso permitir que alguém retire um feto que não é desejado?

Alice no País das Maravilhas disse...

Mr. B

"Ou, e aí eu só vou passar a admirar ainda mais esse povo, eles são em sua maioria contra o aborto e nunca fariam. Mas ao mesmo tempo são a favor da legalização apenas para que cada um faça o que achar melhor."

E

Curioso

- "Então sim, a mesma sociedade que legaliza o aborto (e o faz de graça!) também acha que a gradivez indesejada é um problema social e deve ser evitada."

Lindo esse diálogo! Po, é isso, essa é a chave do sucesso e do porquê tudo faz sentido. Simplesmente porque o respeito às decisões sobre a própria vida devem ser respeitados.

Eles não são pró-aborto, são pró-respeito às decisões da mulher com relação ao corpo dela. Lindo! viva chez nous! ;)

Alice no País das Maravilhas disse...

Agora sim!

Beijinhos a todos que a Alice voltou ao "normal,
Alice

Anônimo Curioso disse...

Alice disse:

Nossa, você foi muito longe agora. Aborto é um assunto completamente diferente de cesta básica.


Claro que o assuto é diferente mas a abordagem crítica é a mesma. Vejamos:

1a. Sujeito pega a cesta pra enomizar um troco pro churrasco;
1b. Menina vai abortar pra poder ir ao churrasco (pq com criança pequena bye bye vida social);

Ok nem sempre é o caso B e nem sempre é o caso A. Se eu critico A posso criticar B.

2a. É direito de um brasileiro desempregado ir pegar as cestas (como foi provado na CBQ até com email das ONGs), mas isso não quer dizer que ele deva ir se realmente não precisa;
2b. É direito (no Quebec) a mulher abortar, isso não quer dizer que ela tenha que abortar se existem metodos anticonceptivos ou se tem condições de criar o filho.

Nesse caso a e b são a mesma coisa.

3a. A pessoa deve fazer todo o esforço possível para evitar pegar a cesta roubada do pobre (não sei de onde vc tirou isso, he he). Serve alugar um ap mais barato, cortar outras despesas, tirar o filho da escola particular e acima de tudo parar de gastar os tubos.
3b. A pessoa deve fazer todo o esforço possível para evitar o aborto (mesmo legal o aborto envolve riscos físicos e psicológicos). Serve usar camisinha, pílula, diu, e até mesmo parar de dar que nem xuxu na cerca.

Viva o direito de escolha, no Quebec é permitido abortar legalmente, no Quebec é permitido ao imigrante em dificuldades receber ajuda alimentar de ONGs.

É válido fazer questionamentos morais em um ou outro caso, não se pode criticá-los enquanto estão no exercício do seu direito.

Cheque mate. E viva o Quebec.

Anônimo Curioso

P.S. Pro ornitorrico: é feito abortar? Depende... é feito pegar cesta na ONG? Então é muuuuito feio abortar. Tem gente que precisa ? Tem gente que faz sem precisar? Cheque mate pra vc também.

Alice no País das Maravilhas disse...

Oi Curioso,

Desculpe, mas seu argumento é completamente apelativo e sem sentido. :)

Na boa, se você quer tanto defender pessoas que pegam cesta básica, volta pro item dela, porque aqui fica meio ridículo. Comparar um assunto com outro de forma tão leviana chega ser constrangedor.

Nessa linha de conversa (como sempre, no seu caso, fugindo ao tema da discussão) podemos usar qualquer tipo de comparação pra qualquer coisa.

Se alguém tem alguma discordância, sei lá, se a banda indicada é boa ou bobagem, então vamos misturar com esse tema? Se eu não concordo com o que vc diz, então é mesmo que aborto ou cesta básica?

Então questões profundas de decisões sobre a vida é o mesmo caso de alguém que vai pegar cesta básica (por qualquer razão que seja)?

Please, mais uma vez, se quiser mudar o assunto, me manda um e-mail ou vai no post referente. ;)

Beijinhos,
Alice

obs.: O Gato disse ao ouvir seu comentário: "Por isso que não gosto de jogar xadrez com pombo."

Alice no País das Maravilhas disse...

Olá!

Não é a primeira vez que temos esse prblema, rola um bug do milênio qualquer que alguns comentários simplesmente não aparecem. Como recebemos por e-mail, trato de publicar pela pessoa.

Esse e o comentário do Anônimo Curioso:

"Anônimo Curioso deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Aborto":

Alice,

Meu comentário foi certamente apelativo, mas tem sentido sim. Se não entendeu, leia-o mais de uma vez, uma hora vc "pega" a coisa.

Quanto a apelação e mistura de assutos, como vc tem seus dias de Rainha de Copas eu também tenho meus momentos de revolta... foi mal.

Só quis registrar a incoerência de discurso deste blog comparando os dois assuntos. Na verdade o comentário do Ornit (já tô íntimo) sobre esse assunto e o completo desrespeito a opinião da "Patitando" me revoltou e me motivou a apelar. Os outro comentários foram até interessantes.

O lance do aborto é complicadíssimo, minha opinião já foi dada a cima. De todos os valores morais a vida é o mais complicado.

Vcs deixaram bem claro que não se deve julgar qdo uma mulher precisa recorrer a um aborto. É muito difícil julgar a situação de outra pessoa ou família. Gostaria muito de ver vcs aplicando isso neste blog. Não julgando e respeitando quem tem uma opinião diferente da de vocês.

Mas... deixa pra lá, vou dar um tempo nos comentários. A não ser que o Ornit me tire do sério de novo.

Qto a te enviar meu email, nem a pau. Tenho medo de vocês todos... pq vc acha que me escondo atrás de um pseudônimo?

Anônimo (Pombo) Curioso

P.S. para o Gato: assista o filme "Os pássaros" uahahaha

Postado por Anônimo Curioso no blog Mundo Imaginário em 13 de setembro de 2010 15:43 "

Ornitorinco disse...

eu não vou nem dizer que ninguem nunca disse que era feito pegar cesta básica... alguem que realmente se atem a esse argumento não entendeu NADA do assunto discutido :) então não vou nem voltar na discussão, até pq aqui não é o espaço ( visto que o assunto do post é outro )
mas assim, ninguem é criança, todo mundo sabe que é uma coisa MUITO séria, e eu concordo que não deve ser feito de maneira futil nem leviana.

AGORA

negar o direito de uma mulher de ter comando sobre seu próprio corpo é TÍPICO de sociedades patronais que acham que também devem definir se você pode morrer ou não, se você pode usar drogas ou não, enfim, que tenta de TODAS as maneiras cerciar seus direitos e livre arbítrios individuais baseados em valores muitas vezes religiosos e/ou simplesmente bizonhos simplesmente pq acha que você é retardado de mais para tomar conta de você mesmo :)

acho que todos devem ter o direito de fazer o que quiser, INCLUSIVE coisas ruins para si mesmo, se você é um adulto, VIVA com as conseqüências disso... como já diria Bernard no Brave New World, eu quero meu direito de sofrer sendo respeitado ;)

Alice no País das Maravilhas disse...

Oi Curioso :)

Acho que esse blog tem um quê de libertação das múltiplas personalidades e todo mundo acaba aderindo...ehehehe. Mais uma vez bem vindo! :)

Sobre você ter medo de nós, não precisa. A gente não morde não. Pode me escrever que prometo que não conto pra ninguém. Ou então, se esse é o estresse, o amigo gmail faz um e-mail do Curioso pra vc...Viva o anonimato!

E um detalhe, respeito quem tem opinião diferente. Não respeito falcatrua. ;)

Beijinhos,
Alice

Atheist disse...

Só tenho uma coisa a dizer.
Sou completamente a favor do aborto e 100% pró-vida.

Alice no País das Maravilhas disse...

Oi Atheist,

Só tenho uma coisa pra te dizer: comentário perfeito o seu! :)

Bisous,
Alice

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