É engraçado que não posso escrever um post sobre coisas negativas que logo vem pessoas tensas reclamar. Acho que tá todo mundo tão motivado com o lance da imigração, de achar um lugar melhor pra viver, etc, que falar mal de qualquer coisa vira logo uma tensão... ehehehe
Então esse post é o oposto do anterior, é sobre o que eu gosto nessa época do ano! *rindo*
Há anos eu desisti de andar de bicicleta porque tinha medo. Já fui assaltada enquanto andava de bicicleta! Um amigo do meu pai já foi atropelado e morto... Enfim, andar de bicicleta no Brasil é um risco que resolvi não correr. MAS, EU NÃO MORO MAIS NO BRASILLLL!!! *rindo*
Basicamente, nossas férias estão baseadas na idéia de andar de vélo. Esse mês não compraremos passe de transporte público e, de preferencia, ficaremos sem ele até o meio de novembro, que é quando fecham as ciclovias.
Temos o cartão anual da
Bixi, mas ela simplemente não estava nos atendendo. É uma ótima bicicleta e recomendo. Mas tem que ver a sua rotina. A Bixi é uma bicicleta de ótima qualidade, que custa cerca de 2400 dólares. Cada pessoa paga pra andar uma vez, um dia ou o ano todo. A chave anual custa 70 dólares. Com essa chave você pega a Bixi em algum dos milhares de pontos da cidade, anda até 45 minutos e depois devolve. 45 minutos em Montréal dá pra cruzar boa parte da cidade (+ ou - do Plateau à NDG).
O que rola é que as pessoas pegam a Bixi e vão trabalhar ou estudar. Tudo perfeito. Acontece que, no meu caso, eu estudo fora do horário padrão e, quando saio da aula às 22hs não tem mais nenhuma bicicleta dando sopa. Ando, ando e ando... Uns 5 pontos depois eu acho alguma, mas aí já estou quase em casa e bem irritada.
Além disso, pra passeios mais longos ela não serve e, como a idéia é passear muito...
Recentemente compramos nossas bicicletas. Começamos uma busca interessante atrás da bicicleta ideal pra nós no momento. Ela não poderia ser cara, mas teria que ter algum conforto pra podermos ficar andando muito tempo, especialmente boas marchas e, pra mim, selim feminino. Aqui o preço pode variar entre 60 e 4000 dólares, dependento do lugar de venda e da qualidade da vélo (cuidado com vélos roubadas!).
Bom, encontramos um lugar que nos deixou extremamente satisfeitos, a
SOS Vélo. Trata-se de uma ONG que restaura bicicletas usadas, pega peças boas de bicicletas detonadas e monta uma boa ou, pega só os corpos de alumínio e preenche com peças novas. A idéia da ONG é fornecer bicicletas boas a preços acessíveis, retirar das ruas as bicicletas abandonadas e dar um novo uso a elas e, principalmente, treinar pessoas sem profissão pro metier de manutenção e montagem de bicicletas.
Compramos com eles a nossa veló. Nossa bicicleta tem um número de série registrado, pra em caso de roubo podermos denunciar. Além disso, como compramos uma vélo feita por eles, temos direto a uma manutençao anual por 30 dólares. Assim nós garantimos a manutenção da vélo e eles garantem clientes pras pessoas formadas ali. Enfim, fica a dica! :)
E assim começamos nossas férias-vélo. Primeiro pegamos a Bixi pra ir até a SOS Vélo, que daqui de casa fica a uns 8km. Já com as bichinhas novas e fofas, voltamos por um outro caminho, testando.
Depois disso fizemos alguns poucos passeios porque estamos deixando o corpo se recuperar, pra ir entrando em forma.
Primeiro fomos ao Marché Jean Talon (uns 6km), depois fomos pra NDG (uns 9km) e, ontem fomos pra Ile des Soeurs (uns 17km). Cada vez aumentamos um pouco o desafio, a musculatura da perna vai se fortalecendo e o fôlego vai ficando maior. :)
O passeio pra Ile des Soeurs é incrivelmente lindo, vale MUITO à pena!!!!
Põe no maps: Plateau - Île Sainte Héléne - Île Notre-Dame - Île des Soeurs.
Pra chegar na Île Sainte Héléne tem que passar pela Pont Jacques-Cartier e isso foi bem complexo pra mim. Primeiro que é um ladeirão pra subir e depois porque eu morro de medo de altura, então fiquei lá em cima na maior tensão. Mas valeu MUITO à pena pelo passeio na ilha.
Na Île Notre-Dame tem o Circuite Gilles Villeneuve, que é o circuito da formula 1 que fica aberto pros ciclistas e patinadores de plantão. É uma delícia andar nele porque a pista é bemmm lisinha.
De lá pra Île des Soeurs, a gente passa sob a Pont Victoria e fica num caminho LINDO, que não passa carros e nem é asfaltado, que divide o Fleuve Saint Laurent com o Canal de la Rive Sud. Nesse caminho passamos também sob a Pont Champlain (cuidado pra ela não cair quando você estiver passando! *rindo), e depois subimos na
Estacade (ponte feita pra quebrar/organizar o gelo antes dele passar pela Pont Champlain e que funciona como ponte de pedestres e ciclistas). É lindo ver Montréal da Estacade!
Depois da Estacade chegamos na Île des Soeurs. Na ilha é delicioso andar de bicicleta, silencioso, calmo. Tem um parque no final da ilha que não pode entrar de vélo, mas é bem legal de ir. Basicamente é uma área de proteção ambinetal, com floresta, laguinho... lindo. Depois de descansar, voltamos pelo Canal de Lachine.
Esse percurso até a Ile des Soeurs, mesmo sendo só 17km, fizemos em 2h20. Fomos parando, tirando fotos, bebendo água, olhando a paisagem... Ou seja, dá perfeitamente pra ir, curtir e depois voltar. Na volta, fomos pelo Canal de Lachine, o que reduziu o circuito pra 9km e 1 hora de passeio.
A gente sonhava com esse passeio desde o Brasil. Ficávamos no maps olhando as imagens lindas que ele tem, pensando se um dia conseguiríamos ir lá... É muito gostoso ir realizando esses pequenos desejos e sonhos, que não tem a ver com as coisas grandes da vida, mas com os pequenos prazeres que dão sabor em tudo. :)
Bisous,
Alice