5 de maio de 2010

160km/h

Então, depois de ficar um bom tempo de recuperação da operação e chafurdada na síndrome do to partindo, resolvi sacudir a poeira e seguir os conselhos de cura!

Bom, na verdade, o Gato e eu sentamos e fizemos uma lista de tudo o que falta fazermos pra podermos ir pra chez nous com a vida encaminhada. Cara, é MUITA coisa!!!!

O que seria uma coisa bem simples, se transformou numa lista interminável, com os seguintes tópicos iniciais:

1- Finalizar processo (claro!);
2- Coisas da viagem (bagagem, chipar o nosso gato, alugar apartamento de temporada, arrumação de malas...);
3- Nosso apartamento (que precisamos reformar pra alugá-lo, só isso, básico!);
4- Garage sale,
5- Família (projeto de reforma da casa da minha mãe, da minha tia, coisas da saúde do meu pai, do pai do Gato....);
6- Vender o carro (só quando tudo estiver resolvido);
7- Évaluation comparatif des études (que podemos fazer lá, mas queremos adiantar bastante aqui pra começarmos a estudar imediatamente);
8- Fazer $$$ pra sobrevivermos lá nas condições mais adversas.

Bom, isso tudo tem que estar resolvido até o final de junho, que é quando pretendemos ir. Se o consulado der uma forcinha, claro! Pelo menos nosso endereço no e-cas!!! *rindo*

Ah, sobre as malas que levaremos, terminamos de comprá-las. Serão 3 malas convencionais grandes, 2 do mesmo tipo pequenas e 3 do tipo sacola enormes. Assim quando chegarmos não teremos tanto volume pra guardar. Uma das grandes já tá pedindo aposentadoria e as outras duas ficam, cada uma, com 1 pequena dentro e com as sacolas.

O tempo agora:
Montréal 19ºC / Rio de Janeiro 26ºC
lá fora tá 26 graus, tá queeenteeee. Mas aqui dentro tá 19, graças à nosso lindo ar-condicionado, meu melhor amigo em momentos de desespero...hahaha 

____________________
2011-08-01

Terminamos não chipando o nosso gato pois tivemos medo de ter sistemas diferentes num país e no outro. Terminou sendo uma ótima escolha porque aqui a veterinária faz um número pessoal do animal e te dá uma plaquinha com ele. Se o gato se perder, quem achar vê o número do telefone da vet, dá o numero do animal e pronto, tem acesso de como te devolver o bichinho.

Outra coisa que não fizemos foi a Évaluation comparatif des études. Na real, pra entrar na universidade não precisa disso, a universidade tem seu próprio sistema de avaliação. Estamos pensando agora em fazer isso, pra ter, mas custa uns 600 dólares, daí da "preguiça"! *rindo*

Imagina, eu tava morrendo de calor no rio, com 26 graus! Aqui tá 30 graus e to com ar-condicionado pra poder manter entre 26/27 graus... Cade o outono que não chegaaaa????? :p
 

4 de maio de 2010

Curriculum vitæ

Quando estivemos no Québec no ano passado, compramos alguns livros, entre eles um que se chama Guide de la communication écrite au cégep, à l'université et en entreprise que possui diversos modelos de documentos e comentários. Como o objetivo do post é CV (Curriculum vitæ), vamos a eles. 
 
Existem muitos modelos de CV, tanto no Brasil como no Québec. Mas levamos em consideração algumas coisas na hora de elaborar os nossos, inclusive com a ajuda de nossa professora particular. 
 
O objetivo de todo CV é mostrar a competência de um candidato e sua atitude e para isso deve-se levar em conta algumas características: clarté, lisibilité, concision, exactitude e correction de la langue.

Muita atenção a assuntos politicamente-corretos, os canadenses levam isso a sério, então não coloque sua idade, etnia, religião, peso, altura, sexo (nem o de nascença, nem o optado), foto ou qualquer outra característica não relevante, só interessam suas qualificações.

No nosso caso, preferimos utilizar o modelo clássico de CV, com a formation primeiro e as expériences professionnelles depois. De acordo com o livro, no modelo americano a formação vem em segundo lugar.


Então a ordem foi:

 1. Nome completo e endereço: 

GÉRALD TREMBLAY DA SILVA 
275, rue Notre-Dame Est, app. 01, Vieux-Montréal
Montréal (QC), H2Y 1C5, Canada
Résidence: +1 514 872-3101 / Cellulaire: +1 514 555-5555
Courriel: geraldtremblay@mail.qc.ca
2. Formation: em ordem cronológica inversa, com o mais novo primeiro.
 
1884 - 1888Baccalauréat en architecture et en urbanisme
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brésil
Sujet de travail de conclusion: moi et mon nombril dans le centre de l'univers.

3. Formation complémentaire: só os cursos relevantes com a sua profissão e cargo pretendido.


 4. Expérience professionnelles: Mesma estrutura de formation. Nessa lista mostre como você contribuiu para a empresa, mostre seu grau de autonomia, nível de responsabilidade e realizações concretas, não importa se é «Superviser 80 employés» ou «Compter les gens qui passaient sur le trottoir», o importante é não mentir, nem exagerar.
 
depuis 1888 Architecte et urbaniste assistente
Chez moi et mon nombril, Brésil
  • Coordoner une équipe de 80 employés
  • Dans l'après-midi, compter les gens qui passaient sur le trottoir
5. Cours de langue: lembre-se, você está fazendo um processo de imigração para morar numa província francófona onde as pessoas foram proibidas, durante muito tempo, de falar francês nas ruas. O francês não é só uma língua, é uma das ferramentas de manter a cultura viva. Se seu objetivo é fazer o processo do Québec por que o do Canada é mais difícil e depois quer ir morar em Toronto, porque você tem um monte de diploma de inglês, pelo menos não diga isso no seu CV. Ou seja, primeiro seu conhecimento real do francês e depois do inglês. 
 
6. Implication sociale: aqui você coloca as coisas boas que você já fez para a sociedade, por exemplo, trabalhos voluntários. Se você não fez nada disso, pode começar hoje mesmo, que tal? 
 
7. Intérêts: aqui você coloca as coisas que você gosta de fazer, se tem algum passatempo. Não vale mentir e dizer J'aime la litterature quebecoise. Se você já foi ao Québec, escreva aqui.

1 de maio de 2010

A entrevista


Nossa entrevista aconteceu no dia 11/11 às 11 horas, uma quarta-feira. Pra ficarmos (eu, porque o Gato tava zen) tranqüilos, tomamos algumas providências:

  • Vestimos roupas adequadas. Resolvemos ser bem formais, para deixar claro que somos um casal sério, comprometido e que compreende a seriedade daquela entrevista; 
  • Chegamos em Sampa no dia 10, pela manhã. Daria tempo de irmos pra lá no mesmo dia, mas resolvemos ir no dia anterior pra não ter correria (o que se provou uma ótima decisão pois, naquela noite houve um mega apagão e tudo ficou pirado no dia seguinte).
Chegamos com 30 minutos de antecedência e ficamos esperando, assistindo ao Festival de Jazz e ouvindo a entrevista que tava rolando beeemmmm ao fundo. 
O entrevistado saiu não sei que horas e não muito feliz. Era um rapaz de uns 20 e poucos, de mochila nas costas, bem informal. Então o M. Leblanc nos cumprimentou. Eu gelei e devo ter feito cara de pânico, mas não é à toa, pois eu sou a requerente principal. Então ele riu e nos tranqüilizou.
A primeira coisa que comentou é que estava feliz em receber um casal como nós, que às vezes aparecem uns “jovens aventureiros” e que ele não bota muita fé que permanecerão no Québec por muito tempo. Achamos que ele se referia ao rapaz, mas não faço idéia. Mas o que ficou pra mim é que a produção no visual mais sério funcionou muito bem.
Depois ele já foi avisando que por causa do apagão da noite anterior, a impressora não estava funcionando. Daí já pensei: ei, será que ele já nos aprovou?! Sinceramente acho que sim, mas...
Aí ele pediu pra ver nossos documentos. Ele não havia entendido qual era o meu MBA, tentou traduzir e não conseguiu. Prontamente eu traduzi e ele começou a rir, pois era completamente diferente nas duas línguas. Em português é Gestão de Negócios Sustentáveis, já em francês é Gestion des Affaires Durables.
Ele perguntou como estava o meu inglês e eu respondi (em francês) que estava enferrujado, que há muito não o utilizava. Ele fez um sinal de ok e continuou a entrevista.
Continuou na papelada e parou no nosso passaporte, buscando uma confirmação de que já havíamos ido ao Québec. Lá não tinha nada, pois recebemos o carimbo de entrada em Toronto e depois seguimos pra Montréal. Ele ficou meio confuso com isso, meio desconfiado. O medo deles (não sem razão) é que a pessoa pegue o visto e vá morar em outra província.
Foi então que pegamos nosso lindo e maravilhoso álbum de fotos da viagem! Havíamos selecionado as fotos por temas e montamos um livro. (Fizemos o nosso na All Photos, mas existem várias empresas que fazem isso. Em minha opinião vale muito à pena pra entrevista e pra guardar depois.)
Quando ele viu as fotos, o rosto se abriu! Ele ficou impressionado com o mapa na primeira página que mostrava os lugares por onde havíamos ido, desde cidades grandes à minúsculas e charmosas. Aí ele disse: ah, isso encerra várias perguntas, pois agora eu sei que vocês entendem o Québec, sabem nossa maneira de viver e nossas prioridades. Bom, à partir daí ele ficou comentando sobre as fotos e lugares, sobre monumentos arquitetônicos, etc.
Depois de um bom tempo de papo furado, ele retomou a formalidade da entrevista, perguntando como era nossa rotina de trabalho atual e se entendíamos os problemas de ter uma profissão com ordem profissional. Explicamos nossa rotina e daí iniciamos a falar da nossa profissão.
Saquei os budgets e novamente o rosto dele se iluminou! Isso porque viu a possibilidade de trabalharmos como técnicos de arquitetura enquanto estivermos com o processo de equivalência na ordem de arquitetos. Além disso, ele adorou a quantidade de informações que estava lá.
O plano de trabalhar como técnico era nosso plano B. Aí ele disse: esse é o plano A, vocês devem apostar nesse plano que serão muito bem sucedidos no Québec! 
Então começou a falar que aqui estamos no topo da pirâmide e que lá teremos que descer na pirâmide pra depois subirmos novamente. Explicamos que estamos prontos pra isso, pois realmente buscamos uma melhoria de qualidade de vida e morar no Québec traria essa melhoria pra nós.
Então ele entrou no por que queríamos imigrar. Falamos nossas razões e ele anotou. Aliás, tudo ele anotava no computador.
Depois parou de falar, ficou escrevendo no comp e por fim disse: parabéns, vocês foram aceitos com muitos pontos de folga. Infelizmente não poderei entregar agora seu CSQ, mas logo ele chegará pelo correio. 
Aí foi só alegria, explicou que deveríamos correr com a equivalência de nossos estudos desde o Brasil, que deveríamos nos inscrever na Francisation En Ligne, entregou uma publicação do Apprendre Le Québec e só!

Dicas para a entrevista: 

  • Vá bem vestido. Não tenha medo de estar mais formal que o entrevistador, ele vai encarar isso como sinal de respeito ao processo de imigração e seriedade do candidato. Mas cuidado com extravagâncias afinal, menos é sempre mais! 
  • Pegue o que você tem de maior potencial e "pinte de vermelho". Se já foi ao Québec, leve um álbum bem produzido, mostrando coisas do cotidiano deles, como alimentação, casas, cidadãos... Se fala inglês maravilhosamente, quando ele perguntar seu nível, responda em inglês e comente alguma coisa que você acha interessante...
  • Faça um budget realmente realista e minucioso. Isso te ajudará depois e certamente mostrará que você está com os pés no chão.
  • Se é arquiteto, investigue sobre a profissão de técnico. Tem técnico de arquitetura, de urbanismo, de desenho de interiores, e por aí vai. Isso vai mostrar que você está disposto a "cair um degrau na pirâmide pra depois subir", como disse o M. Leblanc.
  • Não se preocupe, ele fala francês o tempo todo, mas bem calmo, pra garantir que você entenda.

O tempo agora:
Montréal 20ºC / Rio de Janeiro 26º